Literatura

“O verdadeiro amor é sacrifício”

Casal lança nesta terça-feira, na Livraria Vanguarda do Shopping Pelotas, livro sobre a arte de criar os filhos a partir da (e na) fé

À primeira vista, o casal Aline Rocha Taddei Brodbeck, 36, e Rafael Vitola Brodbeck, 39, pode ser visto como antiquado. Casa no interior. Quatro filhos (sim, eles têm televisão). Dois cães, três gatos. E uma certeza: a família é uma igreja doméstica. E dela, desta certeza transformada em vivência, nasceu o livro, escrito a quatro mãos, Família católica, Igreja doméstica - Um guia prático para a vivência cristã no lar.

O modelo é, sim, da família tradicional. Não por imposição, como querem sustentar alguns, mas em plena liberdade. Maria Antônia, 7, Bento, 5, Theresa, 4, e Maria Luiza, 2, são, em si, sinais: de renúncia e sacrifício dos pais, mas principalmente de “diversão, alegria e amor”. Quadruplicados, acrescente-se. E a quem possa querer criticá-los pelo tamanho da família, a resposta vem sincera. Sem rancor. Firme, no entanto: “O mundo atual carece de renúncia e sacrifício porque carece de amor. Não se quer mais amar, mas somente ser amado”.

Confira nesta entrevista exclusiva, concedida por e-mail ao Diário Popular, mais detalhes sobre o livro que será lançado na Vanguarda do Shopping Pelotas, terça-feira, dia 28, a partir das 19h.

Serviço
O lançamento de Família católica, Igreja doméstica com sessão de autógrafos será na terça-feira, dia 28 deste mês, a partir das 19h, na Livraria Vanguarda do Shopping Pelotas. O livro é uma publicação da Editora Simonsen, de Santos (SP). É um lançamento nacional e já está à venda nas principais livrarias do país, inclusive nas lojas on-line. Haverá outras sessões de autógrafos ainda em 2017 e 2018 em Porto Alegre, Santos, Brasília e possivelmente em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Recife.

Sobre os autores
Aline Rocha Taddei Brodbeck, 36 anos, advogada, natural de Encantado, mas criada em Piratini. Formou-se em Direito pela UFPel. Rafael Vitola Brodbeck, 39 anos, delegado de Polícia, natural de Pelotas. Formou-se em Direito pela UCPel. São casados há nove anos, moram em Piratini e são pais de quatro filhos: Maria Antônia, 7, Bento, 5, Theresa, 4, e Maria Luiza, 2. São católicos, membros do Regnum Christi, um movimento internacional católico de apostolado.

Diário Popular - O livro dirige-se somente às famílias católicas ou a todas as famílias?
Rafael - Nós somos católicos. Como um livro com ensinamento religioso, é natural que trabalhemos dentro de uma perspectiva católica. O próprio título sugere que o lar, como, aliás, os papas e os santos sempre ensinaram, é uma espécie de igreja. Temos de viver a fé em todos os ambientes, ainda mais naquele onde convivemos com o cônjuge e os filhos. Por isso, os ensinamentos são todos católicos, mas claro que pode ser aproveitado por todas as famílias, quer para conhecer o que a Igreja ensina e se aproximarem de Cristo, quer fazendo as adaptações que entendem necessárias. Eu diria que é um livro que aproveita, embora se dirija a católicos, muito a cristãos protestantes também.

DP - Vocês têm quatro filhos. De certa forma, andam na “contramão” do que mais se verifica socialmente. Essa opção, de ter família grande, é também religiosa?
Aline - Sim, como seres humanos não podemos nos afastar daquilo que acreditamos integralmente. Estar abertos à vida e entregues totalmente à vontade de Deus é uma consequência natural para um casal católico.
Rafael - É religiosa no sentido de que estamos abertos aos filhos que Deus nos der e porque estamos convencidos de que o matrimônio tem por função principal (sem excluir outras) a geração e a educação da prole, como fruto do amor entre os esposos. Mas não por uma simples obediência a uma lei externa da Igreja. Não se trata de “já que somos católicos, temos que ter abertura aos filhos”. O raciocínio é inverso: “porque cremos que Cristo e a sua Igreja são a verdade, é natural que tenhamos total adesão aos seus ensinos”.

DP - Ter família grande exigirá mais sacrifício e mais renúncia dos pais. Vocês acham que reside nisso o fato de as famílias atuais serem mínimas?
Rafael - A vida é feita de sacrifícios. São eles que nos trazem alegria genuína, não aquela passageira, se os vivenciamos em seu verdadeiro sentido. O mundo atual carece de renúncia e sacrifício porque carece de amor. Não se quer mais amar, mas somente ser amado. Tudo gira em torno de si, de seus interesses, de seus prazeres, de seus planos, e pouco nos importamos com o serviço ao outro. A mentalidade contraceptiva e de falta de abertura à vida é apenas consequência do egocentrismo do homem moderno.
Aline - Acredito que vivemos em um mundo de tantas facilidades que o simples fato de ter mais do que dois filhos se tornou assustador para muita gente. Há um certo comodismo na sociedade atual. Evidentemente, uma família numerosa exige mais sacrifícios e dá mais trabalho, mas também dá mais diversão, alegria e amor.

DP - Existe atualmente uma mania de homens e mulheres chamarem animais de estimação de filhos. O que pensam disso?
Aline - Temos dois cães e três gatos em casa. Gostamos muito de animais. Mas para o bem do ser humano e do próprio animal, bicho deve ser tratado como bicho, não como gente. Em nossa casa, todos são bem tratados, não falta nada, mas animais são animais e pessoas são pessoas. Maltratar os animais é pecado, ofende a Deus, mas isso não significa que eles sejam iguais e que sejam nossos filhos.
Rafael - Nossa sociedade está perdendo os referenciais mais básicos de civilização. Por um lado, grupos humanizam animais. Por outro lado, grupos animalizam seres humanos e chegam a defender o assassinato de bebês no ventre da mãe. Deus criou a todos, plantas, animais e homens. Cada qual tem seu papel na Criação. Mas Deus dotou só o homem e a mulher de inteligência e vontade, e fez de suas almas imagem e semelhança Sua. Cristo morreu na Cruz pelos pecados dos seres humanos.

DP - O que a doutrina da Igreja tem a ensinar para as famílias?
Rafael - A família é uma criação de Deus. No Gênesis, bem no comecinho da Bíblia, vemos Deus criando um homem e uma mulher e dizendo que deixarão a casa de seus pais e se tornarão uma só carne. Mais tarde, o casamento passa a ser um sinal da Aliança entre Deus e Israel feita no Monte Sinai. E com Cristo, o casamento é elevado a sacramento, ou seja, um meio que nos dá a graça que Ele conquistou na Cruz. A Igreja ensina que o casamento não é apenas bom, mas santificante. Perpetua a sociedade, constrói valores humanos e cristãos, permite um grupo social estável e saudável. Desenvolvemos essa importância do casamento, da criação dos filhos e do amor entre marido e mulher em diversos capítulos do nosso livro.

DP - Para a Aline: tu és advogada. E abriste mão de advogar para cuidar dos filhos. É outra escolha que parece andar na contramão do mundo hoje. Foi a melhor decisão? Por quê?
Aline - Eu ainda advogo um pouco. A prioridade são meus filhos, minha família, meu lar. Ao trabalhar fora, no meu caso, só vejo desvantagens. Além de trocar dinheiro - pois se não estiver em casa, precisaria pagar babá, e outras coisas -, perderia a melhor fase da vida deles. Não basta um mero tempo de qualidade com os filhos, mas também quantidade, pois são pequenos e precisam da mãe. Sem dúvida, ficar mais em casa foi e é a melhor decisão.

DP - Que conselho dariam aos novos casais?
Aline - Respeito e amor. Vivam um para o outro, e principalmente preocupados em melhorar a si, superar seus próprios defeitos. O exemplo arrasta. Demonstrem esse amor e esforcem-se ao máximo para dar certo sempre, contando com a graça de Deus.
Rafael - Amem-se. Mas não com boa vontade apenas. É preciso ter vontade, porém igualmente colocar os meios para essa vontade se realizar. Entendam que o verdadeiro amor é sacrifício. São Paulo dizia que o marido deve amar a esposa como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela. E Ele se entregou pela Igreja na Cruz. Esse é o modelo do marido cristão. Quando os problemas surgem, temos de enfrentá-los e não fugir deles. Um vaso precioso, quando quebrado, precisa ser consertado e não jogado no lixo. Não fomos feitos para o prazer, mas para a doação, para o amor, para a entrega, para o sacrifício pelo outro, ainda pelo cônjuge e pelos filhos. E é desse sacrifício que nos vem a verdadeira felicidade.

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